domingo, 18 de setembro de 2011

Mano Reco (um dia eu derrubo irmão o globocop)






  Se fazer rimas e versos é um dom dado por Deus apenas para guerreiros, não sabemos. Mas foi no gueto, na dificuldade da vida nua e crua, que no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, periferia, nasceu e cresceu Denison Vertelo, para nós o Mano Reco, filho de uma doméstica chamada Dona Lola e de um pedreiro trabalhador, como milhares espalhados pelo Brasil.
  Vida difícil sim, injusta jamais. Quando criança, via o pai como uma referência, um herói; porém, na adolêscencia, mudou de opinião! Muitos bagulhos, festas e minas da hora mudaram a rotina e viraram a cabeça do garoto. Influenciado e embalado pelo beat dos Racionais, se tornou DJ de uma equipe de som que trabalhava na noite paulista. Um dia, viu um DJ tocar Rap, fazendo performance nas picapes, decidiu que era aquilo que queria fazer e aprendeu muito bem os segredos do ofício.
Aos 17, queria dinheiro, mulheres. Queria dormir até o meio-dia, como os boys da novela Não demorou muito para que isso acontecesse, porém subiu uma escadaria de sangue quase sem volta, que o levaria direto para a morte se não aparecesse alguém que mudasse toda a sua história.
Em 2000, Reco ingressou no Grupo Detentos do Rap. O nome foi escolhido por Daniel Sancy, primeiro vocalista do grupo, que foi formado dentro do Carandirú. Com os Detentos gravou 7 CDs e 1 DVD o primeiro DVD de Rap nacional.
  Ele conta: Em 2002, saía o primeiro CD dos Detentos com a minha participação, chamava: Quebrando as algemas do preconceito, eu como DJ vocal. Conheci, então, na Rádio 105 FM, em São Paulo, a BMR, que apresentou o nosso trabalho para a Sony Music, que aprovou tudo. Saímos com 30.000 peças vendidas e com uma divulgação agressiva em todo o país. Ganhamos muito dinheiro nessa época!
  Em 2004, chegava às lojas Amor só de mãe o resto puro ódio, último CD antes do encontro que mudaria toda a vida do rapper.
No ano de 2005, Reco foi fazer um curso de Teologia, para escrever coisas novas para os Detentos do Rap. Estudou muito e, o que aprendeu, foi o suficiente para levá-lo a aceitar a verdade que não conseguia ver. Quando ouvia que Deus tinha um plano para sua vida, dizia: Ah, se Deus me der o que eu ganho nas drogas ou nos Detentos, demorou!, porém não imaginava o que estava por vir.
No princípio do ano de 2006, transformação total: aceitou a Jesus, o que o fez renunciar as coisas do passado. Foi nessa época que começou a fazer seu primeiro CD fora dos Detentos. Criou uma nova banda chamada Mano Reco e a Jornada. Nessa nova etapa, entrou em estúdio para gravar o trabalho A verdade dói mas liberta. Ele lembra: Quando ninguém mais me amava, Jesus me amou. Passei a viver o que cantava e isso foi muito bom! Nasci nas águas do evangelho e toda uma vida errada ficava para trás. Nesse trabalho, Reco fala sobre seus sentimentos, fazendo uma reflexão da vida que levava antes de se converter e o que mudou com a conversão. Em 2007, o CD chegava às lojas e foi muito bem aceito pelo público, sendo executado nas principais rádios de todo o país.
Ainda no mesmo ano, concorreu ao Prêmio Hutúz nas categorias: Melhor letra, com a música É de minha autoria e Revelação Gospel Solo.
  Em 2008, Reco participou da gravação do Single social Vamos nos unir que faz parte do projeto Black Music por um Mundo Melhor, juntamente com 82 cantores da Black Music, em prol das vítimas das enchentes de Santa Catarina, sendo notícia nas principais mídias do segmento.
Agora em 2009, chega ao mercado o DVD testemunhal chamado Cada luz uma história, produzido pela Tiger. Nesse trabalho, relata tudo que passou e que viveu numa carreira meteórica e com um final surpreendente. Comentou: Esse DVD é minha vida inteira, fiz com muito cuidado pra não parecer apologia ao crime, pois retrato uma realidade muito forte, de tudo que passei, mas a transformação é notória, o roteiro foi dado por Deus.
Real e emocionante, contém diálogos e comentáros de grandes nomes do cenário musical, como: Salgadinho, Douglas (Realidade Cruel), Max (DMN), Rappin Hood, DJ Alpiste, entre outros.
  A vida de Denison Vertelo é narrada pela Mãe, Dona Lola e pelo irmão de criação New Black, que trazem como pano de fundo a jornada de um garoto humilde que conheceu cedo o crime, passou pelo estrelato cantando Rap e, quando mergulhou num oceano revolto, alguém lhe jogou uma bóia de salvação. Nesse momento conheceu a Deus, mudando o rumo de sua vida para sempre A história é dramática sim, mas com um final  impactante e feliz.
Se as flores não escolhem lugar para florescer, os poetas também não. Do Capão Redondo direto para o mundo, Mano Reco é um legítimo representante da poesia de rua.
Mano Reco

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